Esta semana uma constatação bastante curiosa, mas de grande sabedoria me veia à mente e estando refletindo sobre o comportamento humano, cheguei a conclusão que não devemos construir afetos falidos, tampouco viver de migalhas.
Toda relação humana é complexa, sábia psicologia. As familiares, as amorosas, entre amigos, as de trabalho e as sociais. As pessoas são o que são e quando mudam, se é que mudam, é por consequência quase sempre advindas do erro ou da dor. Temos aí o acidentado que nasceu de novo, o que enfrentou grave doença e recuperou-se, o que perdeu o ente querido e reviu seus conceitos, e por aí vai...
Mudanças às vezes transitórias, às vezes permanente, às vezes seletivas, destrutivas, construtivas (de quem nada constrói), e até mesmo mudanças tendenciosas, ainda que possa haver as de verdade. Mas o que é a verdade?
Seguimos...
Num mundo em que grande parte das pessoas resolve tudo pelo celular por meio de incontáveis aplicativos, é natural que muitas das relações comecem num clique. Em diálogos que mais parecem uma entrevista de emprego, as pessoas tornam-se íntimas em poucos dias, ousaria a dizer que algumas até no mesmo dia. O que levaria meses para ser construído no formato humanizado, na internet, se faz em horas.
Então a internet é a grande vilã da atualidade? Imagina! Sem dúvida ela é o maior acontecimento da era moderna e a propagação das redes sociais é evidentemente um fator histórico no campo das relações de um modo geral. Mas há de se ponderar.
O problema aqui é a maneira como tudo ocorre. É uma pressa surreal, uma necessidade voraz em que tudo é pra ontem. Resultado: quase sempre essas tais relações não se sustentam e na mesma velocidade que começam, terminam. Pessoas mecanizadas não sabem lidar com dessabores, são programadas para que se algo não lhe agradar: bloquear e excluir. Tudo isso sem dar direito muitas vezes a defesa e ao contraditório. Afinal, há milhares de contatos a serem explorados no universo virtual.
Mas...e quando as relações parecerem dar certo, quando elas saem da rede e tornam-se reais, palpáveis, humanas. Por que a grande maioria das vezes não se sustentam? Será que não conseguimos administrar corpos sem filtros, imperfeições, opiniões e maneiras de ser diferentes, condicionamentos sociais alheios aos nossos? Por que aceitar o outro integralmente a sua maneira, despido e frágil quando fora das telas é tão difícil? Por que dessa impaciência de fazer com que as relações se alinhem para algo saudável e humanizado, aceitando inclusive, intempéries e amarguras? Por que ao primeiro descontentamento colocamos o outro em stand bye e só o procuramos quando tiraremos algum proveito? Não seria melhor fazer acontecer, fazer dar certo? Parar de usar a famosa desculpa do "estou na correria" e administrar melhor o tempo para conhecer o outro e construir de fato uma relação com bases sólidas. E por que não começar a demonstrar a importância para aquelas pessoas com as quais já temos uma relação, mandando aquele recadinho ao menos uma vez na semana? Afinal, o celular está sempre ao nosso alcance e essa demonstração de afeto poderá ser muitas vezes a alegria daquele dia cinzento que alguém irá receber.
Agora, se após essa reflexão você concluir que só é mais um mero contato na vida de alguém, suma...corra daí...não te demores!
Não trate com apreço e prioridade quem te trata por conveniência.
