Bom! Eu sempre gostei de ler, também de escrever... Ah! Escrevi algumas peças de teatro, até uma trilogia “Entre Mundos e Dentro do Tempo”. Magia! Com certeza fala de magia, de romance, de amizade, de sabedoria e de amor, ai de amor. Cheguei até a esboçar algumas canções, talvez em momentos de loucura, de transe ou de sei lá o que. A minha mente é bem complexa (qual mente não é?). Eu viajo bastante num mundo paralelo ao nosso, nos mundos melhor dizendo. Aliás, eu estou em qualquer lugar, menos aqui. Aqui é chato, as pessoas são chatas (nem todas, mas a maioria), eu sou chato, bem chato. Tudo parece-me muito estranho e o dito normal pra mim é difícil de entender. Eu gosto do não convencional, até do antissocial, é que tudo tem um charme que sempre acrescenta. Uau! Já ia esquecendo, eu tenho um canal no Youtube com foco em variedades e espiritualidade. Também estou nas redes sociais e por enquanto e nenhuma página policial. Tenho também o padrão social, estudei (Nossa!!! Estudei bastante...), trabalho no serviço público, trabalho com animais pessoas, animais-animais, pessoas animais, enfim, trabalho. Tenho família, tenho amigos, bons amigos, grandes amigos. Tenho dependência afetiva com alguns desses amigos. Tomo medicamentos (até psiquiátricos, putz!!!), pratico exercícios (hum!!! Delícia), me alimento corretamente e às vezes incorretamente porque a comida é boa ao meu paladar. Sou intenso, sou sensível, não sou simpático, tenho um coração bom, mexe comigo mexe! Cozinho, limpo, lavo, não passo, saio, danço, bebo (socialmente “sei”), cigarros e drogas ilícitas, to fora. Apoio as putas, os gays, os loucos, os artistas. Eu também sou artista, ator dizem, com DRT e tudo. Contemplo a natureza, nela reside o Grande Espírito do Bom Deus a quem sou grato e tenho fé. É...Somente com muita fé pra aguentar tanta loucura. Eu rio de coisas absurdas e me emociono com coisas que ninguém dá importância. Sou de câncer com ascendente em sagitário e lua em leão, ou seja, nada é fácil de se entender. Acordo de mau-humor e preciso de café. Por ser eu hiperativo, sou ansioso (com direito a crises generalizadas [assim classificou o psiquiatra]). Têm momentos, horas, quase sempre que prefiro estar só, a solidão me faz bem e me dá paz. Paz! Não tire a minha paz, eu viro bicho. Não ligo pra opinião que não me acrescenta. Sou um anjo, mas posso ser perfeitamente um demônio. Sou adepto ao Druidismo Celta praticante de um Círculo de Magia; feiticeiro, mago, druida, afins, blá-blá-blá, algo do gênero. Macumba não, por favor, macumbeiro não é bem meu estilo. Bruxo! Talvez, gosto desse termo, sou bruxo. E daí? E daí que eu resolvi criar esse blog e escrever histórias, contos, canções (quem sabe), piadas, pensamentos, alucinações, dramas. Escrever, escrever, escrever... É isso!

domingo, 29 de maio de 2022

Relações por conveniência

Esta semana uma constatação bastante curiosa, mas de grande sabedoria me veia à mente e estando refletindo sobre o comportamento humano, cheguei a conclusão que não devemos construir afetos falidos, tampouco viver de migalhas. 

Toda relação humana é complexa, sábia psicologia. As familiares, as amorosas, entre amigos, as de trabalho e as sociais. As pessoas são o que são e quando mudam, se é que mudam, é por consequência quase sempre advindas do erro ou da dor. Temos aí o acidentado que nasceu de novo, o que enfrentou grave doença e recuperou-se, o que perdeu o ente querido e reviu seus conceitos, e por aí vai...

Mudanças às vezes transitórias, às vezes permanente, às vezes seletivas, destrutivas, construtivas (de quem nada constrói), e até mesmo mudanças tendenciosas, ainda que possa haver as de verdade. Mas o que é a verdade?

Seguimos...

Num mundo em que grande parte das pessoas resolve tudo pelo celular por meio de incontáveis aplicativos, é natural que muitas das relações comecem num clique. Em diálogos que mais parecem uma entrevista de emprego, as pessoas tornam-se íntimas em poucos dias, ousaria a dizer que algumas até no mesmo dia. O que levaria meses para ser construído no formato humanizado, na internet, se faz em horas.

Então a internet é a grande vilã da atualidade? Imagina! Sem dúvida ela é o maior acontecimento da era moderna e a propagação das redes sociais é evidentemente um fator histórico no campo das relações de um modo geral. Mas há de se ponderar.   

O problema aqui é a maneira como tudo ocorre. É uma pressa surreal, uma necessidade voraz em que tudo é pra ontem. Resultado: quase sempre essas tais relações não se sustentam e na mesma velocidade que começam, terminam. Pessoas mecanizadas não sabem lidar com dessabores, são programadas para que se algo não lhe agradar: bloquear e excluir. Tudo isso sem dar direito muitas vezes a defesa e ao contraditório. Afinal, há milhares de contatos a serem explorados no universo virtual.

Mas...e quando as relações parecerem dar certo, quando elas saem da rede e tornam-se reais, palpáveis, humanas. Por que a grande maioria das vezes não se sustentam? Será que não conseguimos administrar corpos sem filtros, imperfeições, opiniões e maneiras de ser diferentes, condicionamentos sociais alheios aos nossos? Por que aceitar o outro integralmente a sua maneira, despido e frágil quando fora das telas é tão difícil? Por que dessa impaciência de fazer com que as relações se alinhem para algo saudável e humanizado, aceitando inclusive, intempéries e amarguras? Por que ao primeiro descontentamento colocamos o outro em stand bye e só o procuramos quando tiraremos algum proveito? Não seria melhor fazer acontecer, fazer dar certo? Parar de usar  a famosa desculpa do "estou na correria" e administrar melhor o tempo para conhecer o outro e construir de fato uma relação com bases sólidas. E por que não começar a demonstrar a importância para aquelas pessoas com as quais já temos uma relação, mandando aquele recadinho ao menos uma vez na semana? Afinal, o celular está sempre ao nosso alcance e essa demonstração de afeto poderá ser muitas vezes a alegria daquele dia cinzento que alguém irá receber.

Agora, se após essa reflexão você concluir que só é mais um mero contato na vida de alguém, suma...corra daí...não te demores!

Não trate com apreço e prioridade quem te trata por conveniência. 


quarta-feira, 18 de maio de 2022

VOLTEI!!!

Olá caros amigos e seguidores! Voltei! Após um grande período sem publicações, resolvi reativar meu blog e compartilhar com vocês coisas da minha mente (risos). Ah! Aproveitem e me sigam nas redes Youtube, Instagram, TikTok e Kwai, nelas o meu IG é @marceloramosdruida  e no Twitter é @celinhor

Bjos no coração de vocês!!!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Com gratidão somos felizes...

Como espíritos, estamos neste plano para evoluir. Como almas, estamos eternamente conectados com o que nos torna possível, o Criador. E como pessoas, estamos na incansável busca pela felicidade. Procuramos o caminho do sucesso profissional, da prosperidade financeira e viver um grande amor. Mas será que existe essa tal felicidade ou ela seria mais um ideal hipotético? Limitados que somos achamos que ela vem do que é palpável até nos depararmos com o paradoxo de que há pessoas ricas, bem sucedidas profissionalmente e amorosamente, porém infelizes. Por que aspiramos tanto por encontrar tal elixir quando ele está mais perto do que imaginamos, quando ele está na gratidão que trazemos dentro de nós. Quando somos gratos pelo que temos e pelo que somos, espiritualmente evoluímos e magicamente nossa alma conecta-se ao Sagrado, ao Divino e tudo se torna possível, até mesmo essa tal felicidade. Seja grato sempre, pois o Criador te fez como uma estrela. Intenso, pulsante e repleto de brilho. Ilumine-se e irradie a luz que te faz perfeito!

sexta-feira, 7 de março de 2014

Sangue nobre

A região de Abraham era cortada por vales e montanhas fascinantes. O clima era agradável na maior parte do ano, com suaves brisas sulinas e céu coberto por uma fina camada de nuvens que impedia a luz do Sol de ultrapassar. Esse clima era propício às chuvas, algumas épocas elas eram constantes sendo que no inverno até a neve dava o ar de sua graça fazendo a temperatura despencar abaixo de zero. Sobre as montanhas, majestosas árvores formavam grandes bosques cercados de campos com predominância de alecrim. A arquitetura local lembrava muito as construções medievais, vilas eram bastante comuns na região e até impressionantes castelos ali existiam. Era num desses, o Castelo de Ludham, que vivia a mais nobre descendente da última linhagem real dos Coans, a rainha Helena. Uma família de nobres reis e rainhas que deram início a colonização de Abraham. A região não vivia em regime monárquico desde o falecimento dos tataravós de Helena, mas ainda assim os nobres Coans influenciavam na administração local.
Numa outoniça noite de Abril, Helena caminhava no bosque de Gerard, cujo nome homenageava o primeiro dos nobres Coans, soprava uma brisa suave, o céu estava límpido e estrelado e a rainha vestia um charmoso sobretudo azul real, luvas e cachecol de plumas. De beleza deslumbrante, Helena era alta, olhos verdes e cabelos negros ondulados, uma verdadeira dama cujos lábios eram marcados por um forte batom vermelho. Em meio às árvores ela sentia aquela atmosfera intensa, abria os braços como se a energia emanada do local lhe trouxesse paz espiritual. Deitou sobre as folhas caídas da estação e fechou os olhos respirando lenta e profundamente, de repente um farfalhar penetrou seus ouvidos fazendo-a despertar de seu transe. Rapidamente se pôs de pé e perguntou quem estava ali, não obteve resposta. Recompôs-se e começou a caminhar em direção ao castelo de Ludham, Helena tinha a sensação que estava sendo observada. Ela olhava para trás na esperança de encontrar alguém, concluiu que era algum animal e foi para o castelo. Ao chegar deparou-se com o relógio sobre a lareira da sala marcando uma da manhã, seguiu para seu quarto para então banhar-se em sua banheira de ervas, pétalas e sais. Na sacada de seu quarto a janela entreaberta fazia com que a brisa balançasse as cortinas brancas, atrás delas um homem forte, loiro, olhos negros penetrantes e pele pálida como a neve a observava. Ela terminou seu banho, secou-se e colocou uma camisola de seda rosa, penteou seus cabelos e foi até a sacada, deu um grito ao ver aquele homem. Mas, ele pediu para ela ficar calma que ele não iria lhe fazer mal. Como ela continuou a gritar, ele a segurou e olhou dentro dos seus olhos compelindo-a. Hipnotizada ela acalmou-se e perguntou quem era ele e o homem cordialmente beijando em sua mão apresentou-se como Erick. Desconfiada Helena quis saber como ele havia subido até ali sem que ninguém o visse, ela não compreendia como ele havia passado pela guarda que ficava na porta do castelo. Ele disse que havia subido agarrando-se nas paredes e ela disse que era impossível uma vez que o castelo tinha mais de trinta metros de altura. Com medo, mas compelida a não gritar por socorro ela rapidamente entrou para seu quarto e percebeu que Erick não a seguiu. Estranhando a atitude dele e não querendo acreditar na possibilidade de que aquele homem poderia não ser humano resolveu perguntar-lhe: - O que é você?

- Eu sou um vampiro – respondeu ele olhando fixamente para ela que imediatamente recuou para próximo à porta de seu quarto com olhar assustado. – Não tenha medo, não posso lhe causar mal estando onde estou.
- Fique longe de mim – disse ela. – Eu não irei convidá-lo para entrar.
- Te observo todos os dias, todas as noites, em quase todas as suas atividades desde quando você nasceu, se eu quisesse causar algum mal a você já teria feito – disse ele cuja voz emitia um som que enfeitiçava todo o corpo de Helena.
Tomada pela voz do vampiro e sentindo verdade em suas palavras, ela soltou a maçaneta da porta que segurava e enchendo-se de coragem foi até a sacada e o abraçou fortemente. Sentiu-se completamente envolvida por Erick e concluiu ser louca por fazer aquilo diante do que seria um monstro. O calor do corpo de Helena fez vibrar o corpo do vampiro fazendo-o beija-la profundamente. O beijo trouxe a ele uma temida sensação ao tocar o pescoço da bela, a veia da jovem pulsava um líquido quente e tentador desequilibrando todo controle que Erick estava tendo ao lidar com a moça, a intensidade com que ela o abraçava e o beijava tornou-se propício para sua natureza revelar-se e ele a mordeu vagarosamente fazendo-a gemer de dor e prazer. Um prazer que a fez perder a cabeça e entregar-se. Uma sensação mais forte que o ápice sexual e mergulhada naquele êxtase, ela caiu sobre ele que alimentado a tomou em seus braços e saltou da sacada rumo ao bosque para recostar-se abaixo de uma árvore acariciando Helena por horas até que ela despertou e ele desapareceu. Assustada e liberta daquela inebriante sensação ela tocou seu pescoço e percebeu que não havia nenhum ferimento ou rastro de sangue. Ainda absorta foi para o castelo olhando para todos os lados como se procurasse alguém. Ao chegar em seu quarto, deitou-se sobre sua cama e adormeceu mergulhada na incerteza do que de fato havia ocorrido.  
  

domingo, 26 de janeiro de 2014

Mistério na Rua das Macieiras

De repente um barulho estranho, abafado, seco, parecia ter vindo da grande casa amarela onde vivia uma professora aposentada e seu filho que aparentava estar na faixa dos 20. O estranho barulho fez com que Rafael pulasse assustado de sua cama onde estudava em meio aos livros de Biologia. Ele correu até a janela e afastou a cortina para olhar pra fora, de movimento somente a chuva torrencial que caia na fria tarde de verão. Era sábado, tudo aparentemente estava calmo, mas a calmaria era rotina na rua das Macieiras então não havia motivo para Rafael estar preocupado o que o levou a voltar para seus estudos. Afinal, ele estava quase terminando sua tese de mestrado na área de autópsia. Rafael era um jovem de 25 anos, magro, estatura mediana, cabelos e olhos castanhos claros, um moço introspectivo e inteligente que estava concluindo sua pós-graduação em nível de mestrado de uma renomada universidade federal. Rafael perdeu a concentração, não conseguia mais fixar a cabeça nos estudos, seu pensamento mergulhara naquele clique seco que para ele era o som de um disparo de arma de fogo. Ele foi até a cozinha preparar um chá, mas resolveu beber vinho, serviu-se e voltou para o quarto; outro barulho, a taça na mão de Rafael se estilhaçou no chão manchando de vinho o tapete branco que decorava o piso do quarto, mesmo tomando um susto ele correu até a janela e olhou novamente para a casa amarela, mas não viu nada. Porém, ele sabia que o barulho tinha vindo de lá. A casa era de frente pra dele, a única casa vizinha da rua, só uma quadra depois haveria novos vizinhos. Estranho, muito estranho, pensou Rafael que cogitou a possibilidade de ir até lá e foi. Vestiu um moletom e uma capa de chuva e foi até a casa amarela, bateu na porta que fora atendida pela tal professora.
- Precisando de alguma coisa Rafael? – Perguntou ela estampando no rosto um simpático sorriso.
- Está tudo bem por aqui? – Perguntou ele avistando dali mesmo da porta o filho da professora que assistia televisão e lhe acenou. – Digo, eu escutei dois barulhos, pareciam tiros.
- Tiros? Em nossa rua Rafael? Você ouviu algo filho? – Perguntou ela dali mesmo.
- Não – respondeu o jovem vindo até a porta. – Oi Rafa – cumprimentou ele.
- Oi – cumprimentou sem jeito. – Então vou voltar pra casa, descansar um pouco.
- Faça isso e qualquer coisa estamos aqui – disse a professora fechando a porta enquanto Rafael descia uma pequena escada de concreto quebrada. – Uma casa tão bonita com um escada tão feia – pensou ele.
Enquanto cruzava a rua das Macieiras seus pensamentos reproduziam aquele barulho estranho, Rafael tinha certeza que era tiro, dois tiros e que vieram da casa amarela. Mas, ali estava tudo bem. Ele entrou em sua casa e foi limpar os cacos e enrolar o tapete colocando-o próximo a porta da cozinha para depois lavar. A essa altura o relógio marcava vinte uma hora. Era verão, escurecia tarde. Rafael tomou um banho, preparou um macarrão ao molho branco, serviu-se de vinho e jantou assistindo uma série policial na TV. Limpou a cozinha e foi para o quarto meio tonto da garrafa de vinho que bebera, jogou-se sobre a cama e apagou a luz quando o relógio marcou uma da manhã. Quando pensou em adormecer ouviu a batida de uma porta de carro, correu até a janela tropeçando sobre a escrivaninha caindo sobre as coisas, fez uma certa bagunça.
- Efeito do vinho  - disse pra si mesmo rindo e se recompondo.
Chegou à janela e afastou cuidadosamente a cortina. A professora e seu filho estavam em atitude suspeita. Ela olhava para todos os lados enquanto o filho colocava com muito trabalho três sacos pretos dentro do porta mala do carro  para deixar o local em seguida.
- Meu Deus! Eles mataram uma pessoa – pensou ele pasmo, fechando a cortina.
Voltou pra cama e ficou atônito olhando para o teto. Por sua cabeça passava de tudo e para ele o mais estranho é que nunca vira ninguém na casa amarela, só mãe e filho. Assim, dormiu. Acordou com uma batida forte na sua porta, levantou e viu que já passavam das quatro da tarde, sonolento foi atender.
- Bom dia! – Cumprimentou um policial sisudo. – Senhor Rafael?
- Sim eu mesmo – respondeu ainda tonto.
- Você está bem senhor? – Perguntou o policial ao perceber o odor de álcool vindo do jovem.     
- Estou sim – respondeu Rafael. – Ressaca apenas.
- Então o senhor bebeu? – Perguntou o policial fazendo anotações em um bloco de notas.
- Uma garrafa de vinho. Mas, por que o senhor está aqui?
- Posso entrar?
- Responda primeiro minha pergunta – disse Rafael em tom nada agradável.
- O que é aquilo naquele tapete? – Perguntou o policial ao ver o tapete manchado na porta da cozinha nem dando importância ao questionamento do jovem. – Posso ver senhor?
- Aí, entra, aquilo é vinho – disse Rafael cujo corpo parecia mais pesado que o comum e jogou-se sobre o sofá enquanto o policial ia até o tapete analisá-lo.
- Parece sangue – disse o policial anotando.
- O quê? – Indagou Rafael saltando do sofá. – Sangue? Ta brincando.
- Não, não estou – respondeu o policial seriamente. – O senhor deve me acompanhar até a delegacia.
- Por quê? – Indagou assustado.
- Ontem um jovem e uma senhora saíram de casa por volta das 4 da tarde e não voltaram, sendo encontrados hoje por nossos cães farejadores enterrados a cerca de 20 km daqui. Segundo o legista a morte foi causada por tiros. Ainda que ambos os corpos estivessem em pedaços.
- Foram eles – disse Rafael em pânico apontando para a casa amarela. – Eu ouvi os tiros e os vi colocando sacos pretos dentro do porta mala hoje a uma da madrugada.
- Eles quem? – Quis saber o policial.
- A professora e seu filho que moram na casa amarela – respondeu Rafael que andava com certa perturbação de um lado para o outro.
- Meu senhor, ali não mora ninguém – respondeu o policial. – É melhor o senhor me acompanhar até a delegacia.
- Mas eu falei com eles ontem.
- O senhor está bêbado e há fortes indícios de que o senhor esteja envolvido no crime. É melhor me acompanhar – disse o policial bastante alterado e com a mão próxima a arma.
- Tudo bem, eu vou – disse Rafael assustado seguindo-o até a viatura. – Você veio sozinho?
- Sim senhor – respondeu o policial ligando o carro e deixando o local com o jovem.
- Geralmente vocês nunca andam sós.
- Hoje vim só – disse o policial seguindo até um local deserto. – Desce do carro, por favor – pediu gentilmente.
- Onde estamos? – Perguntou Rafael assustado. - O que vai fazer comigo?
- Olhe – pediu o policial mostrando três sacos pretos rompidos com restos mortais dentro.
- O que é isso? Não pode ser – disse Rafael altamente perturbado andando envolta do que um dia fora um corpo. – Sou eu.
- Sim senhor, esse é você. E essa aqui é a professora – disse o policial apontando para os restos mortais de uma mulher.
- Mas como? – Indagou o jovem.
- Vou te contar como tudo aconteceu – disse o policial.
“Era uma tarde de verão chuvosa e João, o filho da professora Marisa havia tido uma discussão com a mãe que acabou em tragédia. Nesta tarde o senhor concluía sua tese de mestrado e ao ouvir o barulho do tiro que atingira fatalmente Marisa, correu até a casa amarela e encontrou João desesperado com as mãos sujas de sangue sobre o corpo da mãe. Ao vê-lo João lhe pediu ajuda e disse que foi um acidente, você acreditou nele e o ajudou a encobrir o crime. Como você era formado na área, você com a ajuda de João, cortaram Marisa anatomicamente e a colocaram num saco de lixo no porta-mala do carro. Você então o trouxe para sua casa; vocês jantaram e tomaram uma ou duas garrafas de vinho e deitaram sobre sua cama e ali se amaram perdidamente. Mas, você acordou perturbado, não acreditava que havia cometido um crime e ainda por cima passado a noite com um homem. João saiu da cama assustado dizendo que iria embora, mas você disse que se ele fosse você o mataria. Iniciou-se uma briga, era objeto para todos os lados de repente João pegou a arma e lhe deu um tiro na cabeça e você caiu sobre o tapete do quarto, tapete este cuja marca se assemelha com vinho. João havia aprendido a lição anatômica e o cortou como você o havia ensinado e o colocou em dois sacos de lixo, enrolou o tapete deixando-o próximo a cozinha, pôs os três sacos de lixo no porta mala do carro e aqui os enterrou indo embora depois. Marisa conseguiu deixar seu corpo e partir, já você ficou preso a sua culpa, àquela rua e àquelas casas adaptando uma história na sua cabeça por anos, mas hoje é o dia de você se perdoar e partir é por isso que eu estou aqui – concluiu o  policial ao instante que os restos mortais desapareceram bem como a viatura”.

- Como sabe disso tudo? Você está morto? – Indagou perplexo Rafael.

- Eu acabei de morrer, trabalhei por oito anos como policial e fui assassinado hoje numa perseguição a bandidos. Tive uma vida de luta combatendo o crime apesar de eu ter cometido dois durante minha vida. Hoje Rafael eu venho te pedir perdão e pedi que você siga sua jornada espiritual. 
- Seu nome? - Perguntou Rafael.
- João - respondeu ele.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

É muita merda




Limpar o galinheiro das galinhas, no caso específico uma galinha com três pintinhos, pode ser inglório para muitos. Mexer na titica se apresenta nojento em todos os sentidos, fede, dá ânsia de vômito, dá vontade de sair correndo mesmo. Mas, uma vez lavado, o galinheiro volta a ter somente cheiro de ave que é bem mais agradável. Já na vida humana muitas vezes estamos imersos na titica, seja a titica que cagamos ou a que cagam em nossas cabeças. Todos os dias lidamos com muita merda e produzimos muita merda. Somos a pior espécie habitando o planeta, porque nossa titica – nossa titica em massa (que não é orgânica) – não é biodegradável e por isso polui, poluímos com lixo (55 trilhões de quilos por ano [é muuuuuita coisa]) nosso sagrado habitat e ainda nos achamos inteligentes, mais que os outros animais, piada né. Já os animais “bicho” só cagam (lixo orgânico reaproveitável pela natureza); se nosso lixo fosse só restos de alimentos (que nem ao menos reaproveitamos como adubo) e nossos cocos, tudo bem. Mas, nossas merdas vão além disso. Então, limpar o galinheiro é fácil, difícil é limpar a nós mesmos no sentido mais intrínseco do ser. Éééééée (risos)! Tem muita gente precisando limpar sua própria titica, porque o que tem de merda vagando por aí...

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A Magia no alto da colina


O céu estava radiante, já passava da uma da madrugada quando resolvi subir a colina. A Lua Minguante, ainda que minguante, emitia um brilho intenso refletindo nas areias brancas uma luz encantadora. As estrelas emolduravam uma extensa faixa celeste e o vento vindo do norte soprava moderadamente fazendo com que o calor da noite fosse dissipado. No alto sobre uma grande rocha eu invocava a proteção dos Espíritos dos Quadrantes e do Grande Espírito do Bom Deus Dagda. No caldeirão Sálvia e Verbena queimavam purificando a aura e afastando os maus espíritos, era a Magia sendo Praticada e as energias transmutadas. À frente estava o mar calmo e encantador e a minha volta os sons da noite não amedrontavam-me, pelo contrário, traziam-me paz. Era 22 de janeiro de 2014, uma quarta-feira e tudo estava calmo, tudo estava perfeito e eu não estava só.